
VACINAÇÃO
A vacinação no Brasil é um dos pilares do Sistema Único de Saúde (SUS) e um modelo reconhecido mundialmente pela sua abrangência e eficácia na proteção da população contra diversas doenças.
A vacinação no Brasil é realizada de forma gratuita e universal por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI). O sistema funciona de maneira integrada entre as três esferas de governo:
- Federal (Ministério da Saúde): Define a política nacional de imunizações, elabora o Calendário Nacional de Vacinação, adquire as vacinas e as distribui para os estados.
- Estadual (Secretarias Estaduais de Saúde): Recebem as vacinas do Ministério da Saúde e as distribuem para os municípios, além de coordenar as ações de vacinação em nível estadual.
- Municipal (Secretarias Municipais de Saúde): São responsáveis pela execução da vacinação, com a organização das salas de vacinação em Unidades Básicas de Saúde (UBS), a realização de campanhas e a vigilância epidemiológica.
A vacinação acontece principalmente nas salas de vacinação das UBS, seguindo o calendário de rotina. Além disso, são realizadas campanhas de vacinação em períodos específicos (como as anuais de Influenza e Poliomielite), que buscam alcançar altas coberturas vacinais para grupos-alvo específicos.
A história da vacinação no Brasil é longa e remonta ao século XIX:
- 1804: A vacina contra a varíola, a primeira vacina desenvolvida, chega ao Brasil.
- 1837: A imunização compulsória contra a varíola em crianças é estabelecida no Brasil Império.
- Início do Século XX: Criação de instituições de pesquisa e produção de soros e vacinas, como o Instituto Soroterápico Federal (futuro Fiocruz) em 1900 e o Instituto Butantan em 1901, que foram fundamentais para o avanço da vacinação no país.
- 1973: É criado o Programa Nacional de Imunizações (PNI), um marco na organização da política de vacinação no Brasil. O PNI é, hoje, parte integrante do Ministério da Saúde, especificamente da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), por meio da Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações (CGPNI).
- 1977: O primeiro calendário básico de vacinação é instituído.
- 1986: Nasce o personagem Zé Gotinha, um ícone das campanhas de vacinação infantil, que se tornou um símbolo de credibilidade e segurança.
Portanto, o Ministério da Saúde, através do PNI, é o principal responsável pela coordenação e execução da política de vacinação no Brasil.
O SUS oferece um dos calendários de vacinação mais completos do mundo, abrangendo diversas faixas etárias. As vacinas são disponibilizadas gratuitamente em todas as unidades de saúde. Alguns dos principais tipos de vacinas fornecidas pelo SUS incluem:
- BCG: Protege contra formas graves de tuberculose.
- Hepatite B: Protege contra a hepatite B.
- Poliomielite (VIP/VOP): Protege contra a paralisia infantil.
- Pentavalente: Protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo b (que causa meningite).
- Pneumocócica 10-valente: Protege contra 10 sorotipos do Streptococcus pneumoniae, causador de pneumonia, meningite e otite.
- Meningocócica C (conjugada): Protege contra a doença invasiva causada pela Neisseria meningitidis sorogrupo C.
- Rotavírus: Protege contra diarreias graves causadas por rotavírus.
- Tríplice Viral (SRC): Protege contra sarampo, caxumba e rubéola.
- Tetraviral (SCRV): Protege contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela (catapora).
- Hepatite A: Protege contra a hepatite A.
- HPV: Protege contra o Papilomavírus Humano, prevenindo verrugas genitais e diversos tipos de câncer (colo do útero, anal, etc.).
- Febre Amarela: Protege contra a febre amarela.
- dT (Difteria e Tétano): Protege contra difteria e tétano.
- dTpa (Difteria, Tétano e Coqueluche acelular): Usada principalmente em gestantes para proteger o recém-nascido da coqueluche.
- Influenza (Gripe): Vacina anual contra os vírus da gripe.
- COVID-19: As vacinas contra COVID-19 foram incorporadas ao calendário de rotina.
Além dessas vacinas de rotina, o SUS possui Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) que oferecem vacinas específicas para pessoas com condições clínicas especiais (imunocomprometidos, transplantados, etc.) ou em situações de risco diferenciado.
A rede particular de vacinação no Brasil oferece vacinas que, muitas vezes, são versões mais abrangentes das que já estão disponíveis no SUS ou protegem contra mais sorotipos de uma mesma doença, ou ainda vacinas que não fazem parte do calendário público por diversos motivos (custo-benefício populacional, incidência da doença no país, etc.). Exemplos comuns incluem:
- Meningocócica ACWY: Protege contra mais sorogrupos da meningite (A, C, W e Y) do que a oferecida pelo SUS (apenas C para rotina, e ACWY para adolescentes em algumas faixas etárias e situações específicas).
- Pneumocócica 13-valente (ou 15-valente): Protege contra mais sorotipos da bactéria pneumococo do que a Pneumocócica 10-valente do SUS.
- Hexavalente (DTPa-VIP-Hib-HepB): É uma vacina combinada que protege contra difteria, tétano, coqueluche acelular, poliomielite, Haemophilus influenzae tipo b e hepatite B em uma única injeção. No SUS, essas vacinas são aplicadas separadamente.
- Rotavírus Pentavalente: Protege contra mais sorotipos do rotavírus do que a vacina monovalente do SUS.
- Varicela (Catapora): Embora o SUS ofereça a Tetraviral (com varicela), a vacina isolada para varicela pode ser encontrada na rede particular.
- Gripe Quadrivalente: Protege contra quatro tipos de vírus da gripe (duas cepas A e duas B), enquanto a vacina do SUS geralmente é trivalente (duas A e uma B).
- Vacinas específicas para viajantes: Dependendo do destino, podem ser recomendadas vacinas adicionais.
É importante ressaltar que as vacinas da rede particular seguem rigorosos padrões de segurança e eficácia, e muitas vezes são recomendadas pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), mesmo não estando no calendário oficial do SUS. A escolha entre vacinas públicas e particulares deve ser feita com orientação médica.
O PNI estabelece calendários de vacinação específicos que contemplam todas as faixas etárias:
- Crianças: Recebem o maior número de doses, começando ao nascer e seguindo um esquema rigoroso nos primeiros anos de vida.
- Adolescentes: Têm vacinas específicas para essa fase, como HPV, Meningocócica ACWY (em algumas faixas) e reforços.
- Adultos: Necessitam de doses de reforço para algumas vacinas (tétano e difteria, por exemplo) e vacinas específicas para certas condições ou riscos (ex: hepatite B, febre amarela, Influenza).
- Gestantes: Possuem um calendário específico para proteger tanto a mãe quanto o bebê (ex: dTpa, Influenza).
- Idosos: Recebem vacinas importantes para sua faixa etária, como Influenza, Pneumocócica 23-valente e, em alguns casos, vacina contra herpes zóster (na rede particular).
- Profissionais de Saúde: Têm calendários diferenciados devido à sua exposição a diversos patógenos.
- Populações Específicas: Como indígenas, pessoas com comorbidades ou imunossupressão, e viajantes, que recebem orientações e vacinas adaptadas às suas necessidades.
Em resumo, todo cidadão brasileiro tem direito à vacinação gratuita pelo SUS, seguindo as indicações do Calendário Nacional de Vacinação, desde o nascimento até a fase adulta e idosa. A vacinação é um direito e um dever de todos para a saúde individual e coletiva.
A importância da vacinação para a manutenção da vida humana é imensurável e representa um dos maiores avanços da medicina e da saúde pública na história. Ela atua em diversas frentes para garantir a sobrevivência e a qualidade de vida da espécie humana.
Em suma, a vacinação é um investimento fundamental na saúde global, na longevidade e no bem-estar da humanidade. Ela representa a concretização de um dos maiores triunfos da ciência na proteção e manutenção da vida humana.
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